quinta-feira, 9 de maio de 2013

A Noite das Garrafadas



A Noite das Garrafadas foi uma conturbação que antecedeu a saída de D. Pedro I do governo.
Ao longo da colonização do Brasil, observamos que as relações e diferenças entre a metrópole e a população colonial promoviam uma situação de oposição que, em alguns momentos, se estendeu a uma disputa entre brasileiros e portugueses. A Guerra dos Mascates, por exemplo, exprimiu bem esse tipo de situação, quando os fazendeiros de Olinda se voltaram contra os comerciantes portugueses do Recife. No período joanino, vemos que essa mesma situação se manteve.
Quando alcançamos a nossa independência, vimos que essa rivalidade se preservava na figura do próprio D. Pedro I. Em diversas ocasiões o imperador, de descendência portuguesa, se envolveu com assuntos da antiga metrópole e tomou decisões que muitas vezes colocavam em dúvida o seu compromisso junto aos interesses da nação que comandava. Vários de seus ministros eram portugueses e muitos desses defendiam irrestritamente o fortalecimento da autoridade imperial no país.
Alcançando os últimos anos do império, vemos que essa situação de desconfiança e crítica ao imperador se agravou quando Líbero Badaró, jornalista de tendência liberal e ferrenho opositor de D. Pedro I, foi misteriosamente assassinado. Em pouco tempo, o incidente foi tomado pela população como um desmando do imperador. Mediante a conturbada situação, D. Pedro I organizou uma comitiva em busca de apoio e prestígio em outras províncias do território.
Dirigindo-se primeiramente a Ouro Preto, em Minas Gerais, a comitiva imperial foi hostilizada com as portas das casas fechadas e cobertas por mantos negros. Transtornado com a represália, D. Pedro resolveu voltar à capital do império. Nesse meio tempo, os portugueses que viviam na cidade do Rio de Janeiro decidiram organizar uma festa de boas-vindas ao imperador. Por meio dessa ação, os lusitanos pretendiam reforçar o seu já conhecido apoio aos atos do governante.
A notícia do evento deixou os brasileiros incomodados com uma homenagem para uma figura política tão somente questionada. Desse modo, começaram a hostilizar os portugueses chamando os mesmos de “estrangeiros” ou bradando “morte aos pés de chumbo”. Em pouco tempo, as ofensas se transformaram em uma enorme e violenta baderna entre portugueses e brasileiros pelas ruas da cidade. Atacando os lusitanos com garrafas, cacos e pedras, o evento acabou conhecido como “A noite das garrafadas”.
Do ponto de vista político, esse foi um dos últimos eventos que antecederam a retirada de D. Pedro I do cenário. Antes disso, o imperador ainda tentou contornar a situação ao promover a eleição de um ministério formado somente por brasileiros. Contudo, a medida acabou não perdurando e novas manifestações contra o imperador o forçaram a abdicar do trono brasileiro.

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